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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

LINHAS CRUZADAS #28
















ELVIS COSTELLO & ROBERT WYATT

A vida e a arte do encontro na música

Elvis Costello e Robert Wyatt, no tema “Shipbuilding”. A canção também é assinada por Clive Langer e foi escrita para a voz de Robert Wyatt.
Decorria a guerra das Malvinas, as Ilhas Falkland no Atlântico sul: o conflito armado que opôs a Argentina e a Grã-Bretanha nos inícios da década de 80.
A canção “Shipbuilding” é de forte vertente política, altamente crítica face à governação neo-liberal de Margaret Thatcher, a então chefe do governo do Reino Unido. Uma composição directamente contra o absurdo de uma guerra para nada. “Shipbuilding” fala da falsa vantagem de se construírem navios num sector de actividade que, até a guerra começar, vivia em profunda crise. Eram os dias negros do drama social britânico da fome e do desemprego nas portos londrinos, até que a guerra fez explodir a produção de embarcações para a guerra nas Malvinas. O conflito durou pouco mais de dois meses, foi ganho pelos ingleses, e a recessão económica continuou.
A crítica política sempre foi uma temática na obra de Robert Wyatt, antes e depois de “Shipbuilding”. Ainda hoje, o ex-líder dos Soft Machine continua a escrever e a interpretar temas de cariz político. No mais recente disco: «Comic Opera», editado em 2007, Robert Wyatt não perdeu o ensejo de criticar abertamente a invasão do Iraque por parte dos Norte-Americanos que, por sua vez, foram decisivos no apoio aos ingleses na guerra das Malvinas. Indo mais atrás, ainda na primeira metade dos anos 80, Robert Wyatt dedicou e gravou temas contra o ‘Apharteid’ na África do Sul e a invasão de Timor-Leste por parte da Indonésia, uma vez mais com o apoio dos Estados-Unidos.
A escolha da dupla de autores para cantar “Shipbuilding” não foi por mero acaso. Robert Wyatt manteve-se constantemente como apologista do lado esquerdo da política.
De “Shipbuilding” há uma interpretação de Elvis Costello a solo, mas a versão definitiva é a de Robert Wyatt em 1982.

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Tempo total: 05:15

Crónica originalmente publicada em Fevereiro de 2009

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