DEAD CAN DANCE
Esta é a última edição das «Linhas Cruzadas» no programa «lado B». Agradeço a oportunidade concedida pelo autor do programa Pedro Esteves para, trazer aqui a este pequeno espaço que assinei durante exactamente três anos, alguns cruzamentos que a música tem produzido ao longo da História, tendo como preocupação essencial estar em sintonia com a paisagem e ambiente alternativo do «lado B». Foi a minha estreia em formato podcast, para além da contínua passagem em simultâneo por diversos éteres aqui e além fronteiras (Rádio Ocidente; Antena Miróbriga; Rádio Voz do Entroncamento; Rádio Zero; Euradio Nantes). O conceito das «Linhas Cruzadas» foi sempre o de trazer à tona momentos esquecidos ou desconhecidos de pessoas autoras de música que – algures a propósito de algum ideal – se encontraram para produzir algo em comum. Esta não é uma despedida, é sim um fim de ciclo para dar lugar à inauguração de um outro e novo ciclo.
Como disse o grande poeta brasileiro Vinicius de Moraes: “A Vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro na Vida”.
O encontro de que vos falo hoje é entre um homem e uma mulher.
Brendan Perry e Lisa Gerrard juntaram-se há trinta anos, em 1979. Nesse ano, na Austrália, fundaram a primeira formação embrionária de um projecto musical que pouco mais tarde viria a ter o nome de Dead Can Dance. Desde cedo perceberam que seria na Grã-Bretanha que teriam as suas expectativas artísticas devidamente satisfeitas e, com uma mão à frente e outra atrás, rumaram a Londres onde, em apenas três anos, viram compensada tamanha aventura na vida. Viveram juntos vinte anos e, depois disso, seguiram caminhos separados ainda que artisticamente unidos por algum tempo. Lisa Gerrard regressou à terra natal na Austrália, Brendan Perry continuou na sua igreja-estúdio na ancestral Irlanda.
A arte do reencontro aconteceu em 2005 para uma digressão mundial da qual não há, pelo menos por enquanto, um disco (com edição oficial e mundial) ilustrativo desses espectáculos que esgotaram lotações na Europa e na América. Há no entanto o registo de um memorável concerto ao vivo dos Dead Can Dance nos Estados Unidos, em Outubro de 1994 [«Toward The Within»], naquele que foi o derradeiro espectáculo ocorrido no Mayfair Theatre em Santa Monica, na Califórnia. Depois, o teatro foi demolido por causa da instabilidade estrutural provocada por um abalo sísmico.
Tempo total: 09:04
Crónica originalmente editada em Janeiro de 2009
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