“Agora andamos em busca desta "marca Eu" que vai ser esta maravilhosa narrativa que nos vai permitir descobrir o nosso destino e é tudo uma ficção. Tudo nos é servido embalado, pronto a consumir, através de filmes da literatura popular, das revistas de grande circulação e nós gostamos desta fantasia, é giro.Eu estava à espera de muito mais do mundo. Tendo em conta os conhecimentos que temos, a fantástica tecnologia disponível, tudo o que podemos usar para nos exprimirmos, eu esperava ver filmes muito mais interessantes do que os que aparecem no cinema. Jornais mais interessantes. Coisas mais interessantes na Internet.
(…)
Sinto-me desapontado de cada vez que ligo a televisão ou abro um jornal.
(…)
Acaba por ficar tudo YouTube. Veja o YouTube. Nós devíamos estar a ver a idade de ouro da criatividade no multimédia. Qualquer miúdo do mundo desenvolvido pode escrever, filmar, produzir e distribuir por uma audiência global qualquer coisa de que goste. Devia ser uma idade de ouro, mas não é. Veja os vídeos do YouTube, é quase tudo porcaria. Veja os vídeos mais vistos. São a porcaria mais banal que se pode imaginar.
(…)
Porque não é filtrado, não é editado. Eu gosto da ideia de que toda a gente se possa exprimir, acho que é fantástico, mas um meio que não tem qualquer tipo de filtro não é a melhor maneira de se criar qualidade, coisas interessantes e criativas, de se chegar à excelência.”
(continua)
Gordon Torr
In: «PÚBLICO» caderno P2
Sábado, 28 de Março 2009
Entrevista de Vítor Malheiros
Gordon Torr
Psicólogo; Consultor; Escritor
Autor do livro «Managing Creative People»
http://gordontorr.com/
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