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quinta-feira, 12 de março de 2009

"rádio escola": o breve resumo da experiência

tal como escrevi num postal anterior, há duas semanas apresentei uma sessão aos alunos do 8º ano da escola básica luís de camões, subordinada ao tema “rádio”.

à minha espera estava uma turma mista de vinte e cinco alunos, com idades entre os 13 e os 14 anos e, digamos, com as hormonas muito activas. é próprio da idade, todos sabemos, já por lá passámos, e esse facto não faz deles alunos mal comportados, antes, irrequietos, sôfregos por outras distracções. ainda assim, a nossa conversa, que foi o que ali aconteceu, correu bem.
deixo-vos aqui algumas notas, em jeito de resumo:

- em toda a turma, há cerca de dez rapazes interessados no "assunto", e três deles muito motivados
- as raparigas dizem que são postas de parte pelos rapazes; na generalidade, não se interessam por “essa coisa” da rádio
- só têm quatro intervalos por dia para “passar música”, e dispõem de 15 minutos em cada um
- a dada altura perguntei-lhes quais os estilos musicais que conheciam e escrevi-os no quadro; liguei-os entre eles, de modo a demostrar os pontos em comum, agrupando assim os gostos de todos, de modo a que compreendessem que é possível todos participarem sem que ninguém se sinta excluído; isto porque um dos problemas que identifiquei imediatamente foi que a malta do heavy metal não tem paciência para as pedinchices pop de algumas meninas, p.ex.
- realcei o facto de a rádio ser muito mais que apenas música! que é sobretudo, "comunicação", em várias vertentes
- expliquei-lhes de uma forma simples como é que a rádio se organiza estruturalmente
- fiz com eles o levantamento do material existente e do necessário
- a "rádio" deles ocupa uma dispensa muito pequena e desarrumada; tem um amplificador, uma mesa de 4 canais, um (apenas um) leitor de cd (de dvd, no caso) e quatro colunas localizadas no pátio exterior, com um som inaudível; e não têm retorno no “estúdio”, ou seja, quando querem saber se o som está alto ou baixo, têm de descer ao pátio para ouvir; e falta o cabo para o microfone
- reparei imediatamente que o volume estava no máximo, o que fazia sair das colunas um som ainda mais ruidoso; nunca ninguém lhes tinha explicado que a saída da mesa não pode estar “no vermelho”
- em suma, estes jovens (alguns deles, pelo menos) têm muita vontade, mas falta-lhes a capacidade de se organizar, o que é, evidentemente, normal
- de realçar o grande empenho dos pais, determinados a colaborar com esta escola pública para proporcionar aos seus filhos/alunos melhores condições e experiências e até quem sabe, oportunidades.

apesar de ter sido uma sessão um tanto ou quanto atribulada, penso ter conseguido, naqueles escassos 45 minutos, identificar o principal problema (a falta de organização) e passar a ideia de que é possível, com um pouco de boa vontade, dar a hipótese a todos de "experimentar fazer rádio".

e quem sabe se ali, alguém descobre uma vocação. sim, que isso é coisa que se descobre.

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