tal como escrevi num postal anterior, há duas semanas apresentei uma sessão aos alunos do 8º ano da escola básica luís de camões, subordinada ao tema “rádio”.
à minha espera estava uma turma mista de vinte e cinco alunos, com idades entre os 13 e os 14 anos e, digamos, com as hormonas muito activas. é próprio da idade, todos sabemos, já por lá passámos, e esse facto não faz deles alunos mal comportados, antes, irrequietos, sôfregos por outras distracções. ainda assim, a nossa conversa, que foi o que ali aconteceu, correu bem.
deixo-vos aqui algumas notas, em jeito de resumo:
- em toda a turma, há cerca de dez rapazes interessados no "assunto", e três deles muito motivados
- as raparigas dizem que são postas de parte pelos rapazes; na generalidade, não se interessam por “essa coisa” da rádio
- só têm quatro intervalos por dia para “passar música”, e dispõem de 15 minutos em cada um
- a dada altura perguntei-lhes quais os estilos musicais que conheciam e escrevi-os no quadro; liguei-os entre eles, de modo a demostrar os pontos em comum, agrupando assim os gostos de todos, de modo a que compreendessem que é possível todos participarem sem que ninguém se sinta excluído; isto porque um dos problemas que identifiquei imediatamente foi que a malta do heavy metal não tem paciência para as pedinchices pop de algumas meninas, p.ex.
- realcei o facto de a rádio ser muito mais que apenas música! que é sobretudo, "comunicação", em várias vertentes
- expliquei-lhes de uma forma simples como é que a rádio se organiza estruturalmente
- fiz com eles o levantamento do material existente e do necessário
- a "rádio" deles ocupa uma dispensa muito pequena e desarrumada; tem um amplificador, uma mesa de 4 canais, um (apenas um) leitor de cd (de dvd, no caso) e quatro colunas localizadas no pátio exterior, com um som inaudível; e não têm retorno no “estúdio”, ou seja, quando querem saber se o som está alto ou baixo, têm de descer ao pátio para ouvir; e falta o cabo para o microfone
- reparei imediatamente que o volume estava no máximo, o que fazia sair das colunas um som ainda mais ruidoso; nunca ninguém lhes tinha explicado que a saída da mesa não pode estar “no vermelho”
- em suma, estes jovens (alguns deles, pelo menos) têm muita vontade, mas falta-lhes a capacidade de se organizar, o que é, evidentemente, normal
- de realçar o grande empenho dos pais, determinados a colaborar com esta escola pública para proporcionar aos seus filhos/alunos melhores condições e experiências e até quem sabe, oportunidades.
apesar de ter sido uma sessão um tanto ou quanto atribulada, penso ter conseguido, naqueles escassos 45 minutos, identificar o principal problema (a falta de organização) e passar a ideia de que é possível, com um pouco de boa vontade, dar a hipótese a todos de "experimentar fazer rádio".
e quem sabe se ali, alguém descobre uma vocação. sim, que isso é coisa que se descobre.
à minha espera estava uma turma mista de vinte e cinco alunos, com idades entre os 13 e os 14 anos e, digamos, com as hormonas muito activas. é próprio da idade, todos sabemos, já por lá passámos, e esse facto não faz deles alunos mal comportados, antes, irrequietos, sôfregos por outras distracções. ainda assim, a nossa conversa, que foi o que ali aconteceu, correu bem.
deixo-vos aqui algumas notas, em jeito de resumo:
- em toda a turma, há cerca de dez rapazes interessados no "assunto", e três deles muito motivados
- as raparigas dizem que são postas de parte pelos rapazes; na generalidade, não se interessam por “essa coisa” da rádio
- só têm quatro intervalos por dia para “passar música”, e dispõem de 15 minutos em cada um
- a dada altura perguntei-lhes quais os estilos musicais que conheciam e escrevi-os no quadro; liguei-os entre eles, de modo a demostrar os pontos em comum, agrupando assim os gostos de todos, de modo a que compreendessem que é possível todos participarem sem que ninguém se sinta excluído; isto porque um dos problemas que identifiquei imediatamente foi que a malta do heavy metal não tem paciência para as pedinchices pop de algumas meninas, p.ex.
- realcei o facto de a rádio ser muito mais que apenas música! que é sobretudo, "comunicação", em várias vertentes
- expliquei-lhes de uma forma simples como é que a rádio se organiza estruturalmente
- fiz com eles o levantamento do material existente e do necessário
- a "rádio" deles ocupa uma dispensa muito pequena e desarrumada; tem um amplificador, uma mesa de 4 canais, um (apenas um) leitor de cd (de dvd, no caso) e quatro colunas localizadas no pátio exterior, com um som inaudível; e não têm retorno no “estúdio”, ou seja, quando querem saber se o som está alto ou baixo, têm de descer ao pátio para ouvir; e falta o cabo para o microfone
- reparei imediatamente que o volume estava no máximo, o que fazia sair das colunas um som ainda mais ruidoso; nunca ninguém lhes tinha explicado que a saída da mesa não pode estar “no vermelho”
- em suma, estes jovens (alguns deles, pelo menos) têm muita vontade, mas falta-lhes a capacidade de se organizar, o que é, evidentemente, normal
- de realçar o grande empenho dos pais, determinados a colaborar com esta escola pública para proporcionar aos seus filhos/alunos melhores condições e experiências e até quem sabe, oportunidades.
apesar de ter sido uma sessão um tanto ou quanto atribulada, penso ter conseguido, naqueles escassos 45 minutos, identificar o principal problema (a falta de organização) e passar a ideia de que é possível, com um pouco de boa vontade, dar a hipótese a todos de "experimentar fazer rádio".
e quem sabe se ali, alguém descobre uma vocação. sim, que isso é coisa que se descobre.
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