A televisão açambarcou em demasia o espaço mediático nacional
Quando as autoridades de um país decidem deixar lançar novas estações de televisão, as reacções são sempre as mesmas. Os anunciantes e os publicitários vêem nisso maior segmentação do público, maior disponibilidade de ecrãs e maior capacidade de negociação das tarifas. Enquanto que os operadores instalados argumentam que não há mercado para mais canais. E Portugal não escapou à regra…
Só que Portugal vive há muito numa situação particular: a televisão absorve 70,3% do total dos investimentos publicitários. Quando a média nos países da União Europeia a 26 (sem Malta) é de 45,6 %. Só Chipre, a Bulgária, a Lituânia, a Letónia, a Eslováquia e a Roménia ultrapassam Portugal. Mas trata-se de países com uma história política e cultural radicalmente diferente.
Quer dizer: a televisão em Portugal açambarca exageradamente o mercado publicitário. Situação de que sofre gravemente a imprensa e que irá provavelmente agravar-se. Situação a que o governo da República deveria pôr limites, em nome da salvaguarda da imprensa e do reforço do seu pluralismo.
J.-M. Nobre-Correia, professor na Université Libre de Bruxelles
In: «Diário de Notícias»
Sábado, 31 de Janeiro 2009
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