domingo, 18 de janeiro de 2009
Surfing on sine waves
Durante uma viagem pela América do Sul, diz a lenda que Tim Hecker fez uma outra longa viagem num barco piscatório. Terá sido no meio do mar, na imensidão das ondas, que o canadiano encontrou a inspiração para aquele que é o seu melhor álbum e também um marco da música electrónica ambiental. "Radio Amor" é feito de transmissões, de comunicações via rádio, de locuções sobre ondas hertzianas, tentativas, ruídos, espectros. Tal como ondas, mas de outra espécie, surgem e desaparecem melodias, pianos distantes. Vão e vêm como vagas de dissonância e deixam a mesma sensação de harmonia que uma sonata. Música para grandes espaços, para céus infinitos e mares contornados pelo fio do horizonte. Naquela imensidão, emerge a desesperada esperança das transmissões que não são ouvidas, das cantilenas que se perdem como um eco na profundidade de uma caverna. Humanidade, afinal.
É um dos discos que melhor reflecte a condição da Rádio. Obrigatório.
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3 comentários:
Menciono também a obra de Ted Dockstader Aerial, composta exclusivamente a partir de gravações em onda curta:
http://dockstader.info/compositions.php?page=15
No mesmo comprimento de onda: "1000 Fragments", de Ryoji Ikeda. Ainda assim, acho que este "Radio Amor" consegue a proeza de ser "musical", se bem que Dockstader e mesmo Ikeda estejam um tanto ou quanto para lá desse conceito...
"Musical" é uma questão de ouvido e gostos ;)
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