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quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

na rádio, nu

já aqui se insinuou a "magia da rádio"; mas a rádio pode ser também teatro, e quantas vezes, circo.
eu, que na rádio “em directo” respiro entre o real e o imaginário - leia-se, entre o que tem de ser e o que eu gostava que fosse (abençoada internet, que torna esta dicotomia palpável) - sempre me senti em estúdio, digamos, como que… meio despido.
a rádio esconde-nos a face e o corpo; o que quem nos ouve consegue ver não é mais que uma construção, uma pintura imaginada (e neste particular - a esmagadora maioria das vezes - a ficção é bem mais interessante que a realidade).
mas mesmo uma voz experiente, e ainda que no canto teatral das coisas simples, deixa escapar a alegria, a tristeza ou o nervoso miudinho, independentemente da vestimenta que o personagem enverga.
para todos os efeitos, aquele aquário fechado é o nosso palco. ali estamos expostos a quem nos quiser (ou será antes, “souber”?) ouvir. podemos mudar a velocidade, a dinâmica e até o tom da nossa voz, mas ali somos sempre actores num teatro de luz fluorescente e radiação electromagnética.
com o tempo essa nudez torna-se menos incomodativa, encarada com serenidade, e até por vezes, com laivos de voyeurismo.
e foi este pensamento, assim de repente, o que esta – magnífica - imagem me sugeriu:



e quando não é assim, para mim é rádio de plástico. e isso, eu dispenso.

[imagem daqui]

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