O Mundo é mais estranho do que perigoso (82)
Estou doente da persistência de imagens, reflexos e
espelhos. Eu sou uma mulher com olhos de gato siamês que por detrás das
palavras mais sérias sorri sempre troçando da minha própria intensidade. Sorrio
porque presto atenção ao outro e acredito no outro. Sou marioneta movida por
dedos inexperientes, desmantelada, deslocada sem harmonia; um braço inerte,
outro remexendo-se a meia altura. Rio-me, não quando o riso se adapta ao meu
discurso, mas porque ele se implica nas correntes subjacentes do que eu digo.
Anaïs Nin
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