sou um ouvinte regular da Antena 2 (A2), e um dos apreciadores da última viragem(!) operada pela emissora pública, que nos traz agora muito mais que "música clássica", na acepção tradicional do termo (género que aprecio sobretudo, confesso, naquelas horas de tráfego intenso; tem em mim um extraordinário efeito calmante). a A2 de hoje apresenta-nos outros sons, estimula e sensibiliza, "arrisca" por caminhos que a história irá definir, creio, como música clássica. há também quem lhe chame "pós-modernidade", já pouco me importam as palavras; basta-me o afiar dos sentidos.
têm sido muitas as vozes discordantes deste novo rumo (basta ouvir o programa do provedor do ouvinte da RDP). não vou aqui tecer considerações acerca da pertinência das (por vezes) violentas acusações e demais comentários, já que cada um sabe do que gosta, e todos pagamos os impostos que sustentam esta estação emissora da rádio pública.
o que me parece certo é que somos "animais de hábitos", e isto vale para tudo, sensibilidade auditiva incluída. a capacidade neurológica para assimilar determinados sons é um assunto complexo (lá chegaremos), mas no caso parece-me que as inquietações que enchem semanalmente o correio do sr. provedor prendem-se mais com aquilo a que simpaticamente prefiro chamar de “resistência à diferença”.
muitos desses sons “esquisitos” (adjectivo muitas vezes usados nas tais reclamações ao provedor, a meias com a palavra “ruído”) podem ser escutados nos variados programas de autor que preenchem a grelha da A2, nomeadamente entre a 1 e as 2 horas da madrugada. o programa “música contemporânea" (e basta o nome para soar, de facto, a provocação) enche-nos o rádio com uma riqueza extraordinária de melodias e sons, alguns até, admito, estranhos; mas esta actividade exploratória é rara, e por isso muito valiosa. é um espaço semanal que cabe perfeitamente na A2, na medida em que oferece uma verdadeira alternativa de difusão cultural, tarefa maior para que se presta o serviço público de rádio.
tudo isto só para dizer que sim sr., acho o “música contemporânea” um excelente programa; e o autor, Pedro Coelho, está de parabéns.
como me diziam há pouco tempo, “é mais fácil olhar para trás, que para a frente”...
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