É hoje, dia 8 de Abril, que a Íntima Fracção comemora 25 anos. Um quarto de século. Uma vida.
Esta data é motivo de celebração e contentamento, mas também é um momento de reflexão e, pelo menos para mim, de alguma inquietação.
Inquietação, desde logo, porque um programa que chega a esta vetusta idade - um feito raro -, não encontra guarida na Rádio de hoje e nos moldes em que a IF cresceu. E isto, apesar da perseverança e da dedicação, do autor e dos muitos ouvintes - sempre demonstrada -, que fizeram com que a IF, desde 2003, sobrevivesse nos mais distintos formatos, do podcast à antena regional, estando agora, uma vez mais na vanguarda, integrada num projecto de comunicação social multimédia.
Que Rádio é esta que temos que não abre espaço à excelência? Que não dá ar às propostas mais arrojadas, mais criativas, àquelas que não cedem nunca ao facilitismo e por isso mesmo conquistam os ouvintes? Que Rádio é esta que não precisa da música que sente, da música que respira, intemporal e de sempre?
Todos chegamos às respostas a estas perguntas. Nada disto aconteceu por acaso, de um dia para o outro. Mas aconteceu, e é esta a realidade na qual a IF comemora 25 anos. De um lado, o da decadência, está a Rádio que não acompanhou os tempos e é sucessivamente abandonada pelos poucos ouvintes e anunciantes que restam. Do outro lado, a IF. A música, os sons e as palavras que sempre fizeram sentido e continuam o seu caminho, apesar da Rádio.
Na IF existiu sempre um traço azul no futuro incandescente, uma expressão de luminosidade entrevista para lá do cinzentismo. Como ouvinte, é esse traço que guardo também nesta hora. De tudo, em tudo, porque haverá sempre pouco para dizer, muito para escutar, tudo para sentir.
Parabéns, Francisco.
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