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segunda-feira, 30 de março de 2009

ESTAMOS A PERDER AS PESSOAS MAIS CRIATIVAS (I)

Gordon Torr acha que as empresas matam a criatividade, que as ideias novas aparecem apesar dos gestores e que é preciso ter mais recursos, mais tempo, mais espaço e mais liberdade do que é estritamente necessário, se queremos estimular a criatividade
“Nos últimos 30 ou 40 anos desenvolveu-se no mundo ocidental uma espécie de mito segundo o qual a criatividade é um dom que todos recebemos e que basta aprender a usá-lo para nos tornarmos tão criativos quanto quisermos. Houve uma tal politização desta coisa da criatividade que a partir de certa altura se tornou impossível dizer que havia pessoas menos criativas do que outras. Ao contrário do que acontece com a inteligência, onde todos aceitamos que há umas pessoas muito mais inteligentes que nós, que há alguns que são abençoados com um nível de inteligência superior e outros não. Aceitamos tudo isso sem contestar como algo que faz parte da vida, como fruto da genética, do ambiente ou seja o que for. Mas quando falamos de criatividade não conseguimos adoptar o mesmo ponto de vista. Não conseguimos dizer: há pessoas que não são muito criativas, há pessoas que são fantasticamente criativas e a maior parte está algures no meio. Desenvolvemos esta fixação, este mito, de que somos todos imensamente criativos. Em grande medida é um problema de linguagem. Acho que confundimos criatividade com sermos capazes de usar os miolos com alguma inteligência. A um certo nível, se fizermos um esforço vamos com certeza ser capazes de resolver uns problemas e até podemos ser capazes de fazer algo novo. Mas há uma grande diferença entre fazer isso e ser capaz de fazer alguma coisa que tenha significado. A definição de criatividade que eu gosto de usar é "a capacidade de fazer algo novo e original que as pessoas achem significativo". Isso coloca a fasquia bastante alta, mas acho que estamos a prestar um mau serviço a nós próprios quando consideramos que qualquer pessoa consegue fazer uma coisa nova e original que os outros achem significativa.”

(continua)

Gordon Torr
In: «PÚBLICO» caderno P2
Sábado, 28 de Março 2009
Entrevista de Vítor Malheiros

Gordon Torr
Psicólogo; Consultor; Escritor
Autor do livro «Managing Creative People»
http://gordontorr.com/

1 comentário:

pe disse...

esta mesma temática (pertinente e cada vez mais actual) está também explicada neste link, sob outro ponto de vista; recomendo: http://www.ted.com/index.php/talks/ken_robinson_says_schools_kill_creativity.html