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quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

excuse me, what time is it?

já por aqui terão percebido que tenho por hábito ouvir rádio online, sobretudo estrangeiras (por razões óbvias). uma das minhas preferidas é a KCRW, para muitos «a melhor rádio do mundo» (no género). [seguramente ainda se há-de aqui falar dela, por esta ou por outra das “penas” da IdE]

a diferença que nos separa da emissão dedicada (transmitida via internet a uns fantásticos 128 kb/s) é de 8 horas - fuso horário da Califórnia. ou seja, final da manhã por cá, night shift na estação de Santa Monica. tudo normal, claro, não fosse o facto de eu achar, e desde sempre, que a rádio tem uma “hora”, ou seja, que há músicas, vozes e conteúdos mais apropriadas para determinadas alturas do dia, como se o ritmo do Sol nos ditasse o apetite auditivo; porventura esta predisposição (?!) terá uma explicação psicossomática, mas certo será que muitos concordarão comigo, que há horas em que “apetece” ouvir esta ou aquela música, em que nos é mais ou menos agradável escutar aquela voz do locutor ou jornalista ou até mesmo, um mero spot publicitário.

tudo isto para dizer que, quando “sintonizo” a KCRW, acabo por me sentir quase sempre “fora de tempo”, deslocado, ainda assim pouco ou nada incomodado com isso (talvez por se tratar da rádio que é, com um perfil musical eclético mas bastante linear).

no meu entender, um dos efeitos perversos das playlists (mal feitas) é precisamente a completa desadequação da música à hora, ou se preferirem, à altura do dia e ao boletim meteorológico. as máquinas que geram as playlists (sim, as máquinas) não estão programadas para saber se é de dia se é de noite, se chove ou se faz sol, se “com este pôr-do-sol o que vinha mesmo a calhar era ouvir isto ou aquilo”. são simples computadores, a quem boa parte dos gestores de conteúdos concede a honra de, com a sua infinita sabedoria (refiro-me às máquinas), destinar para cada hora do dia a música que estas acham mais conveniente. e quantas vezes, são esses aparelhómetros os que têm de ser respeitados, em detrimento da sensibilidade e experiência do animador de serviço. é a rádio que temos. (a maioria, talvez; felizmente nem todas as nossas rádios são assim).

e talvez seja essa a razão porque a KCRW me soa bem, ainda que “fora de tempo”: menos 8 horas em Santa Mónica, mas com gente "dentro”.

e quem ouve as rádios portuguesas no estrangeiro, com que sensação é que fica?


[IdE chama Macau, bzt, bzt…]

1 comentário:

Hugo Pinto disse...

Os efeitos dos fusos horários davam um tratado. Mas a verdade é que ouvir rádio portuguesa em Macau é uma experiência só ligeiramente mais surrealista do que ouvir (a generalidade) da rádio portuguesa em Portugal... "Fora de tempo" é uma boa expressão. Outras haverá ;)