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quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Surdos



Surdos. Sim, surdos.

Li uma notícia sobre a surdez da chamada geração mp3, embora digam que já antes, com os walkmans, este estado se começou a desenvolver. Há também os efeitos da música escutada muito alta, quer em casa, quer no carro, na discoteca ou, claro, nos concertos.
Há um nível a partir do qual tudo se esmaga e é quase indiferente para o ouvinte.

É o mesmo que se passa com uma boa parte da Rádio que foram (des)construindo nos últimos anos. "A minha amiga rádio" que Sam Shepard me recordava naquele texto magnífico, referência absoluta e obrigatória para todos os radialistas de coração, parece cada vez mais sumida. Tal como ele, acabamos por ser quase todos obrigados "à procura de um posto mágico" ... esse que nos devolva de novo à nossa condição e verdadeira vocação.

Onde está esse posto ?
Que ondas sobram para serem navegadas ?
Poderemos ainda imaginar os sons que produzimos alongarem-se em rodopios de gaivota sobre o mar ? E voltando de novo para a costa, avançarem em voos razantes sobre as planícies e as montanhas ? Quem ouve ainda a Rádio de coração aberto, atento, sentindo-nos ali, havendo ou não vozes do outro lado ?

Salvávamos e assim seríamos salvos.

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